Pressão por respostas imediatas, ataques pessoais e comparação constante agravam ansiedade, depressão e isolamento entre usuários
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| (Foto: IA Ilustrativa/Correio Goiano) |
A polarização política que tomou conta do debate público
no Brasil nos últimos anos encontrou nas redes sociais um palco permanente para
se intensificar. Plataformas como Instagram e WhatsApp, que já despertam
preocupação quando usadas de forma excessiva, tornam-se ainda mais nocivas
quando o assunto é saúde mental. Discussões acaloradas, opiniões divergentes e
conflitos constantes têm gerado impactos reais no bem-estar dos usuários.
O ambiente digital faz com que as pessoas convivam diariamente com conteúdos curtos, editados e carregados de emoção que, em vários momentos, são planejados para reforçar narrativas. Isso aumenta sentimentos de inadequação, irritação e ansiedade.
No Instagram, onde são encontradas imagens idealizadas e discursos polarizados, o autocuidado acaba ficando em segundo plano. Comparações constantes, ataques nos comentários e a pressão para se posicionar publicamente sobre qualquer tema contribuem para um clima de tensão. Já no WhatsApp, que reúne grupos familiares, de amigos e/ou de trabalho, a cobrança por respostas rápidas e a avalanche de mensagens transformam o aplicativo em uma fonte frequente de estresse.
Outro ponto que preocupa é a dependência da aprovação das demais pessoas. Nesse sentido, o número de curtidas, compartilhamentos ou reações a uma opinião passa a definir o valor pessoal do usuário. Quando a resposta não vem, a sensação de inadequação aumenta e isso tem um preço.
O isolamento social também é consequência direta desse ambiente. Embora as plataformas prometam aproximar as pessoas, o excesso de discussões acaloradas, especialmente entre amigos e familiares, tem provocado afastamentos e um sentimento crescente de solidão. Na prática, os conflitos virtuais acabam prejudicando as relações fora da internet.
A perda de foco e atenção aparece como efeito colateral cada vez mais comum. A dinâmica dos feeds, marcada por estímulos rápidos e debates que se estendem por horas, dificulta a concentração. À noite, acompanhar discussões ou checar notificações antes de dormir desregula o sono e aumenta quadros de irritabilidade e ansiedade.
Para amenizar esses impactos, recomenda-se estabelecer limites claros de tempo nas redes. Atividades offline, incluindo leitura, exercícios e convivência familiar, ajudam a reorganizar a mente. Outra orientação importante é investir em interações presenciais, que tendem a ser mais equilibradas e menos hostis do que as trocas virtuais.
Em um ambiente digital marcado por disputas, rupturas e agressividade, preservar o bem-estar emocional exige atenção, disciplina e, muitas vezes, a decisão consciente de se desconectar.

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