Nova espécie de planta é descoberta no Cerrado por professora da UEG

Planta é descrita como um subarbusto de flores azuis com até 1,2 metro de altura. Segundo pesquisa, espécie rara foi encontrada às margens da GO-401

Espécie recebeu o nome verae em homenagem à professora doutora Vera Lúcia Gomes Klein, reconhecida por suas contribuições à botânica brasileira (Foto: UEG)

Uma nova espécie de planta típica do Cerrado rupestre goiano acaba de ser oficialmente registrada pela ciência. Trata-se da Jacquemontia verae M.Pastore, I.L.Morais & Sim.Bianch., descoberta por um grupo de pesquisadores liderado pela professora Isa Lucia de Morais, docente do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Sistemas Produtivos (PPGAS) da Universidade Estadual de Goiás (UEG) e curadora do Herbário José Ângelo Rizzo, localizado no Câmpus Sudoeste, em Quirinópolis.

A pesquisa contou com a colaboração dos cientistas Mayara Pastore (Instituto Tecnológico Vale), André Luiz C. Moreira (Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS), Luiza A. Romeiro (Universidade Federal do Pará – UFPA) e Rosângela Simão-Bianchini (Instituto de Pesquisas Ambientais de São Paulo). O trabalho foi publicado no último dia 12 de maio na revista científica internacional Phytotaxa (volume 701, número 1, páginas 056-068).

A nova planta é descrita como um subarbusto de flores azuis, podendo atingir até 1,2 metro de altura. Ela foi encontrada em uma única população isolada às margens da rodovia GO-401, em um trecho montanhoso que leva à Serra da Fortaleza. Segundo os pesquisadores, não foram identificadas outras ocorrências da espécie, mesmo após levantamentos realizados em áreas com características ambientais semelhantes.

O nome verae foi atribuído em homenagem à professora doutora Vera Lúcia Gomes Klein, referência nacional na botânica, especialmente nos estados de Goiás e Tocantins. Professora da própria UEG, Vera iniciou sua trajetória acadêmica na década de 1980, com destaque para pesquisas nas áreas de florística e sistemática vegetal, com ênfase na família botânica Cucurbitaceae.

Para a professora Isa Lucia de Morais, a descoberta tem grande relevância científica e ambiental. “Descobrir novas espécies é fundamental para compreendermos a biodiversidade e conservarmos a natureza”, afirma. “Ao identificar e descrever uma nova espécie, a ciência amplia nosso entendimento sobre a vida no planeta, os ecossistemas, suas interações e as formas como os seres vivos se adaptam aos mais diversos ambientes. Essas descobertas também são essenciais para desenvolver estratégias de proteção ambiental e conscientizar a população sobre a importância da preservação. Além disso, podem impulsionar novas pesquisas, gerar tecnologias, oferecer soluções para desafios globais e despertar o interesse pela natureza, incentivando a educação ambiental e a valorização da biodiversidade”.

Apesar do avanço científico, o cenário que envolve a nova espécie é preocupante. A região onde a Jacquemontia verae foi localizada está fora de áreas legalmente protegidas e sofre com forte pressão ambiental provocada pela expansão da pecuária, da monocultura e pelas recentes obras de pavimentação da GO-401 — fatores que colocam em risco direto o habitat da planta.

Diante dessa situação, os autores do estudo classificam informalmente a espécie como “Criticamente em Perigo” (CR), conforme os critérios estabelecidos pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Como medidas emergenciais, os pesquisadores recomendam a criação de áreas protegidas na região e a coleta de sementes e exemplares vivos para futuros projetos de restauração ecológica.

 

Editado por Jotta Oliveira – do Correio Goiano

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