PF deflagra nova fase da Operação Sangradouro e cumpre mandado em escritório de advogado em Piranhas

Ação também ocorreu em cidades do Mato Grosso e do Distrito Federal com o objetivo de investigar fraudes previdenciárias envolvendo servidores da Funai e lideranças indígenas; prejuízo estimado ultrapassa R$ 260 milhões

(Foto: Divulgação/Polícia Federal)

O escritório de um advogado atuante no município de Piranhas foi alvo da segunda fase da operação Sangradouro, que investiga servidores da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e lideranças indígenas supostamente envolvidas em fraudes de documentos para conseguir aposentadoria. A ação foi deflagrada pela Polícia Federal, na manhã desta quarta-feira (29/01), com o cumprimento de 15 mandados de busca e apreensão também nas cidades de Barra do Garças (MT), Pontal do Araguaia (MT), General Carneiro (MT), Aragarças (GO) e Brasília (DF), que resultaram na apreensão de documentos, uma arma e munições.

A PF não confirmou os nomes dos investigados que poderão responder pelos crimes de falsificação de documentos, estelionato previdenciário, formação de quadrilha e inserção de dados falsos em sistema de informação do Governo Federal.

A primeira fase da operação ocorreu no ano de 2023. Na época, foram expedidas 19 ordens judiciais pela Justiça Federal, sendo 16 mandados de busca e apreensão, 2 ordens de afastamento temporário das funções públicas e 1 mandado de prisão. As ordens judiciais foram cumpridas em Barra do Garças, Primavera do Leste, Poxoreu e Cuiabá.

(Foto: Divulgação/PF)

Os indígenas envolvidos expediam documentos falsos, como o registro de nascimento dos indígenas, fraudando as datas para que eles pudessem ter acesso a aposentadorias com idades adulteradas.

O esquema

Segundo a Polícia Federal, as investigações começaram em 2021 e o esquema é composto por servidores públicos da Funai, cartorários, proprietários de correspondentes bancários e lideranças indígenas locais. A organização consentia com a adulteração das informações de identificação dos indígenas, principalmente, a data de nascimento.

O objetivo era requerer aposentadorias por idade ilegais, causando um prejuízo estimado de cerca de R$ 64 milhões aos cofres públicos da União. Considerando a expectativa de vida média do brasileiro de 77 anos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o prejuízo a ser evitado com a operação ultrapassa R$ 260 milhões com a suspensão dos pagamentos ilícitos.

A fraude previdenciária iniciava-se com a expedição de documentos com dados falsos realizada por servidores da Funai. Eram emitidos o Registro Administrativo de Nascimento de Indígenas (Rani) e a Certidão de Exercício de Atividade Rural, com adulteração de dados, como a idade dos indígenas, para simular o atendimento da idade mínima para aposentadoria por idade rural, que é de 60 anos para homem e 55 anos para mulher.

A partir da falsidade inicial, os indígenas favorecidos pelo esquema usavam o Rani para a realização de registro de nascimento tardio no cartório, com a emissão de certidões de nascimento que, em seguida, serviam de garantia para a solicitação de diversos outros documentos públicos, como Cadastro de Pessoa Física (CPF) e Carteira de Identidade (RG).

Na sequência, eles compareciam a uma agência do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) para requerer aposentadoria por idade, usando os documentos falsos providenciados pelo esquema criminoso.

Segundo as investigações, os documentos falsificados eram comumente emitidos em intervalos de tempos muito curtos, poucos meses antes da apresentação do requerimento à Previdência Social. Na sequência, os fraudadores buscavam correspondentes bancários para obter empréstimos consignados atrelados a essas aposentadorias, sempre no limite máximo da margem consignável.

 

Editado por Jotta Oliveira – do Correio Goiano, com informações do G1 Mato Grosso e da Polícia Federal

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