Nova metodologia do Cimehgo contabiliza dias consecutivos sem chuvas significativas e aponta cenário crítico em diversas regiões do Estado, com solo seco e risco elevado de incêndios florestais
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(Foto: Reprodução) |
Para reforçar o combate e a prevenção às queimadas
durante o período seco, o Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas
de Goiás (Cimehgo) passou a adotar, desde maio deste ano, uma nova metodologia
para o monitoramento da estiagem no Estado. A iniciativa consiste na contagem
oficial de dias consecutivos sem chuvas significativas, considerando como
referência precipitações inferiores a 0,5 milímetro por dia em cada uma das regiões
goianas.
Embora os índices de chuva já fossem acompanhados historicamente pelo Cimehgo, a sistematização e regionalização dessa contagem só passaram a integrar os boletins oficiais do Monitor de Queimadas — criado em 2022 — a partir de maio de 2025.
De acordo com o gerente do Cimehgo, André Amorim, o objetivo da nova metodologia é oferecer um indicador mais preciso e acessível para mensurar a gravidade da seca. A ideia é orientar ações preventivas, proteger os recursos hídricos e dar suporte às estratégias da Defesa Civil.
O boletim referente à segunda semana de junho, que compreende os dias 9 a 15, revela um cenário preocupante em Goiás. A região sul já acumula 45 dias consecutivos sem chuvas significativas, enquanto a região oeste contabiliza 42 dias de estiagem. Durante esse período, as chuvas ficaram muito abaixo do esperado para o mês.
Entre os poucos registros de precipitação, o município de São Simão, na região sul, apresentou um acumulado de 16,2 mm. Em Nova Crixás, na região oeste, a chuva somou apenas 3,6 mm, enquanto Águas Lindas de Goiás, na região leste, teve 1,2 mm. A escassez hídrica afeta diretamente a umidade do solo, que apresenta uma média de apenas 8% em todo o território goiano. Em algumas áreas da região sul, os índices variam entre 11% e 15%, o que reforça o ambiente favorável à propagação de queimadas.
Apesar do cenário de seca, o número de focos de queimadas registrados até 16 de junho de 2025 está abaixo do observado em anos anteriores. Foram 584 focos acumulados no Estado até essa data. Para efeito de comparação, em 2022 foram registrados 4,7 mil focos em todo o ano, enquanto 2024 apresentou um aumento atípico, encerrando com 6,3 mil focos.
Mesmo com a tendência de redução, André Amorim destaca que os números de 2025 ainda são parciais e que o período mais crítico da estiagem vai até outubro. As regiões norte e oeste concentram, até o momento, os maiores números de focos de queimadas neste ano, embora com uma diminuição em relação ao mesmo período de 2024.
Desde a criação do Monitor de Queimadas, o Estado de Goiás tem conseguido reduzir significativamente os focos anuais de incêndio, saindo de mais de 7 mil registros em 2019 para 3.160 focos em 2023, o menor número da série histórica. O pico de 2024 acendeu o alerta, mas os dados preliminares de 2025 indicam uma possível retomada da curva descendente.
A Secretaria do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) reforça a importância da conscientização da população, destacando que a maior parte das queimadas é provocada por ação humana. A participação da sociedade, aliada ao monitoramento técnico, é considerada fundamental para a preservação do meio ambiente durante os meses de estiagem.
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